quinta-feira, 29 de julho de 2010

Incompreensão

Eu sempre ando com um livro por aí, e hoje eu peguei um pequeno livreto que fala sobre o Bushido.

É um livro de bolso, pequeno e simples. Acredito que li ele a muito tempo atrás. Algo em torno de 8 anos.

E lendo uma pequena passagem, lembrei de uma coisa que poucas pessoas entendem. Sabe aquela coisa que você não abandona nunca? Aquela que é sua verdade? Aquilo que você não vive sem?

Meu amor é por lutas, anime e games. Anime e games, as pessoas até entendem.
Mas quando eu volto todo estourado, com a perna roxa, mancando e um sorriso de orelha a orelha, ninguém entende.

Quando digo que vou lutar e provavelmente ficar com um braço roxo de pancada, voltar mancando e dizendo como se fosse uma criança que ganhou um doce, realmente todos parecem me olhar como se eu fosse um louco masoquista.

Todos acham que eu gosto de apanhar e ficam se oferecendo para me bater. E quando olho para eles com a cara de quem diz mentalmente " idiota" acham que estão prestando um serviço para mim.

Eles não entendem que o que gosto, é a troca de golpes, o esforço e empenho em se superar, em superar o oponente.

Na verdade, acho que apenas guerreiros podem entender. Mas tentando fazer a parte mais simples, é como jogar futebol, mesmo machucado.
Quando você tenta pegar a bola que seria quase impossível, mesmo que sua resistência esteja no fim, ou seu alongamento não dê. Então você se vê com uma lesão leve.

Na verdade, meu pai fez isso a uns tempos atrás. Ele começou a jogar e era quem ganha fica. Jogou quase 1:30 sem parar. Ele tem quase 70 anos. E jogou a toda. Duvido que atualmente eu acompanhe seu ritmo. Ele ultrapassou os limites do corpo.

Resultado: ficou com dores no joelho e costas por quase 2 semanas.

Mas valeu a pena, ele dizia.
Infelizmente quase nenhum amigo entende que é o mesmo sentimento quando eu luto e volto com o corpo roxo, mancando e um sorriso de orelha a orelha. ^_^x

domingo, 18 de julho de 2010

Medo da Morte




Não há ser vivo que não tema a morte. Na verdade em literaturas em que a intelegicência artificial existe, até mesmo ela tem medo do fim.

Mas existe um povo que tem pouco medo da morte: os japoneses. Na verdade a morte chega a ser procurada com frequência alarmante pela população, não apenas para dar fim a sua vida, mas também para expiar sua vergonha e frustrações.

Vivi no Japão por 5 anos e apesar de não dominar o idioma, existem algumas revistas para a comunidade brasileira e também sites com informações em português com notícias do Japão.

Notícias de suicídio eram relativamente comuns. A cada 2 meses, eu lia alguma linha sobre isso. Mas como acredito que essas só chegavam aos brasileiros se fossem expressivas ou não tivessem notícias melhor, considero que o número de casos, seja maior.

Em parte, essa cultura a morte deve-se aos samurais e sua extrema devoção a lealdade. Quando um senhor (daimyo) morria o samurai honrado realizava o seppuku e acompanhava ao seu senhor ao outro mundo.

E por curiosidade, sabe qual é o símbolo que os samurais adotam? A flor de cerejeira, sakura.


Agora, sabe qual o motivo desse símbolo? Para nós ocidentais, onde os guerreiros são homens valorosos, de coragem e força, uma flor seria um péssimo símbolo para um guerreiro.

Mas para os samurais, esse flor mostra duas coisas: a efemeridade da vida e da beleza e em especial, ela morre no seu auge, no ápice da sua beleza.

Agora eu entendo o espirito de entregar e não se importar de morrer. Não é que eles não tem medo da morte, eles simplesmente não se importam se vão morrer, pois já aceitaram sua morte como se prepara a janta. O guerreiro está preparado para morrer.

Mas ele morre no auge, como a sakura, dando tudo de si para cumprir sua palavra, seus desígneos. Ele teme a morte, mas sabe que quando aceitou a missão, sua vida não mais lhe pertencia.

Sabia que viveu para aquele momento, morrendo ou não, ali seria seu auge. Ele viveu plenamente, de acordo com seus ideais, com sua convicção de vida.

Por isso eles não se importam com a morte, por que viveram de acordo com sua convicção.

sábado, 10 de julho de 2010

Ensinamentos do Guerreiro



"Ao segurar a espada longa, é indispensável manter o polegar e o

indicador flexíveis, o dedo médio nem tão apertado nem tão frouxo,
comprimindo a espada com o anular e o mínimo.

Não é bom que haja folga na palma da mão que segura o punho da
espada. Agarrar a espada longa com a intenção de cortar o inimigo.

No momento de golpear o adversário, deve-se conservar inalterada a posição da
palma da mão, a fim de que ela possa agir com inteira liberdade.
No caso de golpear a espada inimiga, interceptá-la, ou prendê-la com a sua, mude o
polegar e o indicador apenas o necessário para segurar a espada com a
determinação de cortar o adversário.

No caso de “corte para teste”', ou quando se aplica a arte da esgrima no
golpear, não deve haver alteração na palma da mão para cortar um homem.

No geral, tanto no que diz respeito à espada longa quanto às mãos, é
condenável a imobilidade. A imobilidade representa a mão da morte. A
mobilidade é a mão da vida. "

Miyamoto Musashi, livro dos 5 anéis, capítulo da água, o modo de segurar a espada longa, pag 33

A espada longa é alma do samurai e também sua principal arma.

Esse pequeno texto mostra como devemos nos portar ante nossa alma, nossos sonhos, nossos valores.

O mindinho e anular devem segurar com firmeza, pois vão dar a base forte que precisamos para golpear com firmeza. Para tanto devemos manter nossos valores fortes e manter nossa alma firme.

O polegar e o indicador devem ser flexíveis. Assim devemos agir com nossa vida, nos adaptando e mudando o rumo quando necessário, mas sempre se mantendo com o objetivo primário: cortar o oponente. No nosso caso, não é cortar alguém, mas sim chegar aonde queremos e com quem queremos.

O dedo médio deve ter pressão moderada e de maneira simples, mostra como devemos viver: de maneira moderada, mas sempre com a excitação da batalha, da luta.

Talvez seja por que eu me considere um guerreiro, mas sempre vejo as coisas como batalhas.

A vida é uma luta, a maior e mais difícil batalha que todos enfrentamos.

Podemos simplesmente deixar as coisas acontecerem, mas você perde a habilidade com sua espada, pois ela fica na bainha. E uma espada na bainha é inútil.